Guerra de limites
Quem atou o nó que hoje amarra minha garganta?
De quem é a faca que ameaça a vida sobre minha cabeça?
Sou alvo intocável, na força me amparo,
e não desato destinos mal traçados,
são seus os desígnios vestidos do mau que assola a terra.
Não verei o pó que desce rios de ilusão, a fronteira é aqui,
marcam o limite entre o que quer e o que sou,
não serei a piada lançada em hora errada,
nem tão pouco a cena muda que seus atos
aplaudem sem saber porque.
Tenho o mapa indicando o sonho que hei de ser,
uma revista, um café e a fumaça do cigarro
desenhando as lágrimas vazias que chorei,
lavei-me nos rios azuis dos olhos aos quais entrego paixão,
sou vida alimentando ideais,
a liberdade expressiva que acreditei.
Paira a espada sobre a cabeça que pensa
nas razões lógicas da emoção,
fiz-me rainha em trono de glória aclamando a realeza,
onde sempre existi, nos caminhos, mais um tropeço
e outro e os pés descalços pisando a flor.
Rainha inconsciente na forma mulher,
um beijo, um corpo, outro beijo e de novo o sol,
aquecendo as sombras nos dias que seguem
sem a ilusão do vôo pleno, um codinome,
um endereço e outro código a vestir meu corpo de mulher.
E dança a alma nas mãos do artista que faz de
sua obra o corpo com o qual me assiste,
na penumbra da noite, o cigarro,
ainda aceso pede por mais um café
e a boca antes calada profere agora as verdades claras
nos atos de um corpo que acredita e tem fé.
02/06/2006