Conquista
Lembro-me
(respirando saudade):
Era domingo, fim de tarde
Primavera
Colhia flores no jardim
Que mais adiante lhe enviara
Rosas, não, exatamente
Eram jasmins!
O propósito era ganhar você
Ainda que não o tivesse
Meio que por inteiro
Ao menos, a metade
Pretendia alcançar
Respirar o vento no seu rosto
Chegar mais perto
Com os olhos, os seus olhos fotografar.
E falando em retratos
Lembro-me do nosso amor
Dos sonhos e tratos
Pela imagem na cômoda da sala:
Arco-íris colorindo o conquistado
Águas despencando das pedras
Lavando os amores passados.
Não o perdi nas estações
Colhi as flores, juntei as folhas caídas
Trovejei no temporal
E aqueci o seu despertar entristecido
Fui tarde, noite
E dia atemporal
Ouvi barulhos e me calei
Mas, quando nos convinha, era Carnaval!
Hoje, diluído e mínimo
Sou água na correnteza
Não queira entender tristeza!
Porque (agora) sou beija-flor
Visito os jardins, cores e sinto sabores
Novos tempos admitidos
Às vezes, anseios inundados
Assim é que me somo a mim
Conquistei, amei e fui amado
Estando perto ou longe, dissolutos ou (inteiramente) querendo:
Contornados!