Esperança
Há de se sangrar a alma,
Na busca enlouquecida, sofrida,
Do teu sorriso quente,
Da tua boca doce, adormecida,
Com o beijo ardente, fremente
Que sei que, a ti, não dei.
Há de se sangrar a alma,
Com o gosto amargo de ter
Um desejo incontido, temido,
Não resolvido e perdido
Na imensidão do querer...
Há de se sangrar a alma,
E até desfalecer,
Na dor do te encontrar
E não poder te olhar,
E não poder te ver;
No estar entrelaçada em ti
E, em ti, não poder estar,
E, em ti, não poder ser...
Mas há de se curar a alma,
Com tua presença mágica,
Com tuas palavras-sonho,
Com teu ardente olhar...
E há de se acabar com essa agonia,
Com essa longa espera, que angustia,
Em mim, um dia, há de se findar...
Do olhar-névoa restará nem a saudade...
Olhar-estrela, olhar-encontro,
Olhar-mesma-direção,
São esses os olhares que ficarão...