Sepulcros
Domingo, manhã, chove fino
Sobre os sepulcros, sentado estou
Chove tão lento que posso ouvir cada pingo caindo
Estou tão tranqüilo que não penso sequer pra onde vou
Há uma paz verde nas árvores da manhã
Aberrante ablação em contraste à tal
Um perfume de canela e maçã
Sou mais uma vida neste local
Vivo uma ablução universal
E minha alma, ablutomaníaca
Abnegando meu aboio astral
Funde-se à mais pura metafísica
Eis que beijo teus lábios!
Num devaneio que me projeta
Diretamente pros teus braços
Numa astral ponte aérea
Se fosses tu, minha matrona
Matizando minha cinzelada vida
Talvez, não fosses tão mediana
Serias uma romântica assumida!
A chuva decide seguir meu coração
E bate mais forte no corpo da terra
Modorra meu ser sem reação
Esse amor que mais parece uma guerra!
É momentosa a sensação
De ser um com o universo
Me falta apenas no coração
Teu amor pra rimar os versos
Sem esse amor, nossos corpos são sepulcros
De almas que morreram em silêncio
No frio orgulho
De um viver boêmio!