FIXAÇÃO DA GOTA!

Todo dia ao despertar eu te procuro

Dentro de minha vida ou até nas ruas

Vivo vagando feito um vadio andarilho

Mendigando ternura como um maltrapilho

Nesta, naquela e na outra quadra

Irrequieto dobro esquinas com olhares

Lépido, intrépido, vou a todos os lugares

Ou saltito atravessando o quarteirão

É um passeio de múltiplas facetas

Vagueio assim em minha mente aturdida

Desperto a cada instante em mil movimentos

Acreditava que te guardei tão bem guardado

Confuso no fuso difuso feito parafuso

Que pela falta de uso parece obtuso

Acho que te perdi de tanto te guardar

Em complicado bordado emaranhado

Achei que moravas em meu coração

Mas não te vejo aqui pelo ar ou pelo chão

E vasculho tudo aos trancos e barrancos

Certo de que a encontrarei sem solavancos

Adentro ao meu sótão e desço ao porão

Até por debaixo do tapete ou do colchão

E em lugar algum consigo te encontrar

Você evaporou, sumiu da minha visão

Por mais que eu te busque

Não te acho em nenhum lugar

Que poder mágico é este seu?

E eu que jurava que eras só meu...

Vou revirar o mundo pelo avesso

Bem lá nos primórdios do começo

Procurar como agulha no palheiro

Ofertarei mil prêmios no maior salseiro

Vou colocar anúncio no jornal local

Mas também em tudo que é comercial

Vou olhar embaixo do meu travesseiro

Quem sabe até não faça enorme berreiro

Vou perguntar se alguém te viu passar

Vou abrir o cofre e uma recompensa pagar

Pelas pistas aéreas, marítimas e terrestres

Será que te viram entrar em um coletivo

Embarcar em um avião ou navio

Talvez no circo como trapezista

Partir de caminhão ou de motocicleta

A pé, de asa delta ou até de bicicleta?...

Por enquanto só encontro sobressaltos

Ninguém soube informar-me teu paradeiro

Sou do asfalto e virei palhaço no picadeiro

É a suspeita que está a me atormentar

E até mesmo se eu rodasse o mundo inteiro

Acho que nunca iria de novo te abraçar

Naturalmente acabou-se o teu querer

O tesão esmoreceu e ficou desgovernado

Não estás desejando mais ser encontrado

Permaneces como ermitão de todos isolado

Porém vou continuar teimoso a te buscar

Não sou daqueles que gostam de se entregar

Enquanto te trouxer aqui guardado

Mesmo tristonho extenuado e calado

Haverei de ser mais bem sucedido

Ou então se vieres taxativo a me dizer

Que o que sentimos, pertenceu ao passado

Dueto: Lourdes Ramos e Hildebrando Menezes

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 09/09/2009
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