O amor dos outros
Como pode ser sórdido um desejo
Se ele não excluí do prazer o seu objeto?
Como pode ser indigno um carinho
Se ele abre-se em duas mãos sem ser mesquinho?
Como condenar um olhar concentrado
Se no peito bate um bem nele espelhado?
Como não lamentar este ciúme
Que a felicidade amarga por ser vencida apenas por costumes?
Como subestimar essa energia
Relegada ao desprezo e a ironia?
Como resistir ao maior dos sentimentos
Sem razão concreta, nem por um momento?
Como desligar essa emoção
Se ligá-la não foi fruto de uma simples decisão?
Como?