ASAS

Fincastes os teus pés na calçada,

Olhos postos no céu...

Mas a escravidão da tua carne,

O peso dos teus bolsos...

Maiores seriam as tuas asas para te mover do chão...

Tu pensavas que era um milagre

Que estava para acontecer no silêncio.

E era tanto medo e tão grande o peso,

Que, como reprovava a parábola,

Enterraste o teu único talento

E é porque minha fantasia é tão colorida

E minha alma, dançarina;

Que preciso partir em minhas asas pequenas

Girando em torvelinhos,

Acenando e desaparecendo pelos ares

Para nunca mais...

Partindo...