"Ser ou Não, o Ser"

"...Poeta?

Já fui um dia.

Hoje nem sei o que sou.

Sou alguém,

Por Você apaixonado.

Sou alguém.

Que retrata a imagem da amada em forma de versos.

Onde encontra vários mundos em um só universo.

Sou poeta do nada.

Poetizo o mensurável.

Sou visão embaçada ao respirar no espelho de minha alma.

Sou palavra aberta,

Gritando por ti.

Sou o grave absoluto entoando um choro.

Sou o absurdo de amar o que está distante.

Um dia talvez poeta,

Quem sabe uma hora destas em que a solidão for sufocada pelo teu beijo.

Onde a distancia não seja menor que um abraço.

Em que entregue esteja os nossos corpos lassos a acolhedora alcova.

Algo poético como os filmes do Almadova.

Multicor.

Cheios de nuances,

Frases enigmáticas.

Sim!

Poeta sou!

Você me mostrou isso ao me tirar do meu suplício de não ter inspiração.

Arauto do impossível recito versos sobre o amor distante,

Muito mais próximo do que antes.

Agora ligado aos meus versos.

Pontes que nos levam e nos trás a todo instante.

Voraz, flamejante como a paixão,

Não mais distante.

Poeta sou,

Por imagina-te despida em meio as minhas palavras que como uma colcha de retalhos cobre sua nudez de forma lúdica e faz você brincar com seus sentimentos e verdades.

Excita-te a inspirar-se também,

Fazendo-te percorrer por seus desertos,

Recitando palavras nunca ditas,

Obscenas palavras,

Palavras bem ditas,

Orgásticas palavras.

E o Homem chora ao ver a Poesia concreta materializada em seu sussurrar,

E o poeta rir, por se vê poeta no seu gozoso orvalhar."

("Ser ou não, o Ser", by Carlos Ventura)