Estrada mundo
Segue o trem as linhas do homem,
segue o trilho sem ritmo, desgovernado,
segue o rumo, sem norte, por onde anda o sul?
Segue o rio beijando a enseada, descompassado!
Segue o vento o sonho do homem,
segue na beira do tempo sem eira que ao próprio tempo resiste,
segue o caminho sem fim, sem início,
segue na reza o povo que em procissão Deus assiste.
Segue em cruz os mártires que no tempo em fé persistem,
segue o abuso no descuido do sol que do céu desiste,
segue a luz nas correntes da vida,
segue o santo o coro dos anjos que o "amém" transmite.
Segue a vida, nos dias sem meses que acrescentam os anos,
segue sóbria a geografia nas histórias que as fadas me contaram um dia,
segue o poeta encerrando seus versos
onde foram as rimas que dançavam soltas entre minhas escritas?
Segue a água o curso do rio,
na chuva conto as gotas que espelham meu sim,
segue o desejo desenhando vidraças
no gosto do beijo revisto meus sonhos e nego seu fim.
05/06/2006