ANO NOVO
ANO NOVO
Carmo Vasconcelos
A noite estava fria!
Fria, mas acariciante, porque tu estavas nela!
Meu corpo ardia à tua sombra;
Os vidros escorriam;
E eu humedecia na ânsia de ti...
Falavas de livros, de poetas e poemas.
As tuas palavras soavam-me a Listz
E eu dançava “Sonho de Amor” à tua volta.
Quieta, escutando,
Eu era uma criança sentada nos teus joelhos
E neles percorria o mundo!
O jantar foi tradicional, o vinho quente e especial;
De entre as guloseimas, tu! A melhor iguaria!
O relógio, tranquilo, cadenciava o tempo inalterável.
Quando soaram as doze badaladas,
Houve fogos de artifício dentro de mim
E fogo-preso no teu beijo!
Só eu desordenada na ordem natural das coisas...
Era o feitiço de um Novo Ano
Que nascia perante nós!
Apagámos as velas e a lareira,
Deitei-me no teu abraço,
E os indícios de um outro fogo começaram a crepitar.
Eu disse: é a vida que nos conduz…
O teu silêncio consentiu na afirmativa.
Reféns dessa constatação,
Invadiram-nos as labaredas inevitáveis
E já madrugada, mergulhámos na paz dos rendidos!
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01/Janº/2007
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