O LUTO DE MARIA DE FATIMA
 
Poeta. O jovem deste nosso noticiário tem nome de santo;
É Antonio! Coisa da mãe que também é santa no nome, entretanto;
 
É diferente a santidade da mãe, pois a mãe é santa de nome de combinação;
É a virgem santa Maria de Fátima. E recebeu no batismo esta benção;
 
Pois, a avó dada aos assuntos, ouviu dizer da aparição
E logo foi dizendo; minha neta há de receber este nome de redenção.
 
Antonio é filho de outras terras, e nesta terra, chegou logo cedo de idade,
Menino pequeno, logo se esqueceu do lugar de onde veio; fincou pé nesta cidade,
 
E não tem quem diz que Antonio não é caiçara, mesmo que o pai negue
Antonio confirma e não gosta desta cisma, do povo antigo, que quer entregue
 
Os filhos aos risos de outros caiçaras de longe advindos;
Que como ele, cresceu e logo se esqueceu daqueles tempos bandidos
 
Antonio tem uma moto, tem amigos, tem namorada,
Também tem planos de casamento; de comprar um lote, no bairro da alvorada,
 
Antonio reside n’um bairro barra pesada, todo mundo sabe
A policia não vai, e se vai, recolhe o morto...Defende a tese!
 
E a imprensa confirma: Rixa do trafico faz mais, uma vitima!
E morto de rixa não faz falta, e a mãe que chore sua dor legitima
 
Quem matou? Quem sabe! Aqui, não tem quem investigue; morte normal.
E bandido esperto sabe que sua vida é leito de paciente terminal,
 
Antonio não tinha que estar no botequim, só passou, para dizer: E ai legal,
Para o amigo, que é menino criado no mesmo bairro; filho do seo Juvenal
 
Dizem que também ‘ta no trafico, mas qual menino deste bairro
Não esta, aqui neste lugar, a rapaziada fica na rua e rua é lugar de carro,
 
E do que não presta. Antonio sabe do que presta e tudo presta
Na mente de quem tem pureza e cresceu aparando aresta
 
A vida tem seu preço e Antonio tem apreço pela vida
Gosta de quem gosta, mesmo que se diga: É da vida bandida!
 
Amigo é amigo e a maconha é o cigarro que fuma o filho do Juvenal
Seu amigo, que diferente do que se pensa, não é doido marginal
 
Mas não é o que consta no jornal, e jornal sabe do que diz de prumo!
E a manchete é direta: Dupla morre em confronto, em boca de fumo! 
 
Encerrada a noticia, a mãe nega, o pai contesta
E a vizinhança emborca pneu, queima e protesta
 
Quem morreu? Alguém pergunta! O que importa! Alguém diz;
Morto é morto, não fala, não reclama, quiçá é feliz!
 
 
Olimpio de Roseh
Enviado por Olimpio de Roseh em 05/09/2009
Reeditado em 05/09/2009
Código do texto: T1794379
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