Residencial

Abre as portas pro meu peito lhe alcançar

Abre o peito, forra o leito pra eu deitar

Que os meus olhos vão lhe colher raios de sol

E entregar na sutileza do ocaso

E nossos corpos estirados no lençol

Ensopados de um febril torpor

Estátuas talhadas ao acaso

Jardins em pleno inverno a botar flor

Inusitados e inesperados

E seus olhinhos laminados de amor

Escorrerão sobre as paredes do meu corpo

Como minhas mãos escorrem em seus pilares

Como minha mão se perde em seus andares

E quando se cansar de tênues carinhos

Perguntarei porque levanta e me abandona

E haverá um vulto sobre a nossa cama

Que é sua ausência e a falta que faz

E se disser que não me ama mais

Então minhas gavetas baterão pés

E os relógios hão de parar de pronto

E serei passado seu, só desencontro

E a cama tomará mais formas novas

E meu grito preso ao teto rebaixado

Tomará ciúmes do próximo homem

Que surgir feito uma sombra, ao teu lado

E sem gota alguma de ressentimento

Despedir-nos-emos até nunca mais

E nenhum remédio e nenhum ungüento

Curarão a úlcera no meu peito vago

Joao L Terrezo
Enviado por Joao L Terrezo em 04/09/2009
Código do texto: T1792853