Acaso

Acaso

Nós sabemos que esse encontro não foi obra do acaso

E não há sentido em fingirmos descaso

Nem alegarmos que ele ocorreu com atraso

Ainda estamos longe do temível ocaso.

Temos cicatrizes, frustrações e mágoas

Já vivemos o refluxo das águas

Tivemos castelos destruídos na areia

Dificuldade de nos livrarmos de alguma teia.

Já choramos de dor e solidão

Já conjuramos uma ou outra maldição

Ameaçamos jogar a tolha e desistir

Mas estamos na sina de insistir.

Mesmo vendo o mundo por primas diferentes

Existem tantos pontos convergentes

Que um ímã me conduz aos teus braços

E só me vejo acompanhando teus passos.

Você resgatou o meu dom de acreditar

Reviveu minha capacidade de sonhar

Encheu de rosas meu árido deserto

Da interminável letargia fez-me desperto

Os nossos rios estão prestes a desaguar no mesmo mar

Vamos nos perder só para podermos nos encontrar

Entre rimas e beijos, versos e desejos, suaves projeções

Atravessaremos todos os obstáculos e venceremos as estações.

Se somos verão e inverno, juntos somos o Tao

Façamos toda forma de amor absolutamente natural

Sem tabus, fronteiras ou quaisquer restrições

O pleno exercício de confusas e delicadas paixões.

Leonardo Andrade