Um amor de motoqueira...

A moto virou a esquina e eu sabia que era ela,
porque tinha um jeito todo feminino ao dirigir
essa moto preta,  toda lustrosa e bem cuidada.

Na minha opinião achava que para seu estilo,
melhor teria sido que a moto fosse vermelha,
porque poderia combinar mais com seu jeito,

com esse seu ar de mulher apaixonada ,feliz,
e também inquieta, já que nunca era de parar,
e muito menos de desperdiçar seu tempo à-toa.

Hum...ela parou no meio fio e subi na garupa,
e de primeira saímos ventando até a sorveteria,
porque hoje o nosso objetivo eram os sorvetes,

que eram servidos na famosa sorveteria Leblon,
onde invariavelmente para ter mesa era difícil,
e para ser  servido  uma   odisséia maior  ainda.

O melhor era mesmo ficar em pé numa longa fila.
Ela estacionou a moto no estacionamento ao lado,
e depois de darmos  a volta, acabamos naquela fila,

que hoje estava especialmente  mais que longa,
mas suportável porque havia uma bela sombra,
que nosso corpo agradeceu, assim que a sentiu.

Nada como uma boa sombra quando o calor uiiii.
Ela tirou o capacete e seus  longos cabelos negros
lhe cobriram  a   bela blusa verde que eu adorava,

porque além de lhe cair bem...realçava seu busto
que não era nada exagerado, mas muito  firme.
Bem...eu gostava dele e também de seu rosto,

onde seus lábios alongados e seus olhos escuros
lhe davam um ar de índia que me fascinava todo,
e posso dizer, sinceramente, ah... mexia comigo.

No entanto eu já aprendera a conhecê-la melhor,
e sabia  que  o  nosso  carinho  era  o da  amizade,
apesar de darmos aqui e ali uns beijos bem nossos.

Ela não pensava casar de novo e eu também não,
mas de vez em quando saíamos para uma aventura,
que sempre era muito boa porque éramos felizes,

e nunca nos aborrecíamos porque tínhamos em nós
essa certeza que depois de um sorvete delicioso,
ou um passeio qualquer...iríamos nos amar bastante.

Muitos não concordavam com essa maneira de amar,
e achavam que tudo deveria ser realizado  no papel.
Mas nós não estávamos nem aí ...com esses papeis.

Havíamos os dois passado por muitas experiências,
dessas de viver anos e anos apenas com uma pessoa,
e   acabáramos  entendendo  que  nem  valia  a  pena

deitar fora um tempo valioso de liberdade completa,
onde cada um poderia decidir o que mais conviesse,
e viver sua vida de uma forma estável e sem atritos.

O sorvete ia já derretendo e molhando minhas mãos,
mas a dela não, porque era previdente nessas coisas.
Saímos pela calçada buscando os restos de sombra.

Nós nem falávamos muito, apesar de eu gostar,rsrs.
É que ela era mais quieta  do  que  eu  me  imaginara.
Então procurava não aturdi-la  com  muitos  falares.

Ela até gostava...porque ao invés de muita conversa,
preferia muito mais aproveitar nosso tempo beijando,
e acho que isso era o que ela mais gostava mesmo.

O sorvete estava no fim...tanto o dela quanto o meu,
e agora comíamos até os crocantes e belos copinhos.
Nisso combinávamos perfeitamente...hum..copinhos !

Seguimos caminhando bem juntinhos pela cintura.
Às vezes parávamos numa sombra de uma Acácia,
só para ver devagarzinho as flores amarelas caírem.

Nesses momentos era como se a vida toda parasse,
para nos completar com sua simples e rara beleza,
e nós dois éramos muito amantes e...muito felizes.

Tínhamos  nossos  sorvetes  e  a  nossa  sombra.
E   todos   os    beijos   que   quiséssemos  nos  dar.
Nossa melhor arte era completar-se  um no outro.

Aii...querida... quero mais um beijo...uiiii.
Que delícia !!!



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Poesia que fiz em 03-09-09 às 20 h em SP
Lua crescente – chuvas fortes -   28 graus
Beijos e abraços para você...Boa sexta... [love]
cseagull2@hotmail.com
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