OCASO

Se me permite: “a tarde está linda!”...

Como teu sorriso, a doce esperança.

Sempre cri com esta força, e ainda...

Idolatro tua imagem, esta lembrança.

Feito uma nostalgia que se levanta...

Na certeza da alegria e completude.

A inevitável saudade e se agiganta...

Como o sol que desponta e, amiúde.

O crepúsculo se revela quão radiante...

Faz-nos irmanados nesta pura sina.

E silente nesta atitude, e fulgurante...

Afaga o horizonte que se descortina.

Santifica o beijo num abraço querido...

Une-nos e sacramenta a nossa união.

E dignifica o alento, o bem permitido...

Que tão imenso se vale desta paixão.

E nos envolve no sentimento natural...

Na simplicidade de um ato invencível.

Num querer inocente, terno e colossal...

E simplifica a vida, arte e cena visível.

Tal semente plantada e no bom tempo...

Hoje a nossa árvore frondosa e afável.

Oferta-nos o fruto e se refaz do vento...

No ocaso invejado e calor irremediável.

Pirapora/MG, 02 de setembro de 2009.