METAFORICAMENTE FALANDO

METAFORICAMENTE FALANDO

Foram os minuanos de vãs paixões

Que esculpiram esse tórax.

Outrora maciez de plumas angélicas.

Agora? Rocha, pedra, sofrimento e dor.

Perdi o trono do corpo.

Rebelaram-se todos contra mim.

Os mais passíveis glóbulos

Fizeram de si ventania, e assopraram

Ilusão e desprezo. Ventou frio e congelou meu coração.

Minhas lágrimas inundaram o peito.

Fizeram de mar, o que antes era de amor.

Alagaram a esperança.

Quando já era finda a enxurrada, sobrou enfim a lama.

E a frieza de suas retinas sequer humedeceram.

A boca se nega a falar, os pés a caminhar.

Minha sombra já não me segue.

Os risos se trancaram no fundo da garganta. Negam-se a sair.

O toque das mãos quentes

Sempre me faziam gargalhar. Nem chorar me fazem mais.

- CHEGA! Devolvam já as rédeas de mim.

Olharam-me atordoados. Foi assim o fim de tudo.

Fiz-me novamente Alfa e Ômega de mim.

Gargalhei, chorei num único segundo.

Corri e ajoelhei, ralei e senti dor. Foi um gozo de dor.

Decretei o fim das ilusões. E o meu coração mandei embora por incompetência.

Vou reformar essa zona.

Comprar glóbulos novos e começar tudo de novo.

Renann Calazans
Enviado por Renann Calazans em 02/09/2009
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