METAFORICAMENTE FALANDO
METAFORICAMENTE FALANDO
Foram os minuanos de vãs paixões
Que esculpiram esse tórax.
Outrora maciez de plumas angélicas.
Agora? Rocha, pedra, sofrimento e dor.
Perdi o trono do corpo.
Rebelaram-se todos contra mim.
Os mais passíveis glóbulos
Fizeram de si ventania, e assopraram
Ilusão e desprezo. Ventou frio e congelou meu coração.
Minhas lágrimas inundaram o peito.
Fizeram de mar, o que antes era de amor.
Alagaram a esperança.
Quando já era finda a enxurrada, sobrou enfim a lama.
E a frieza de suas retinas sequer humedeceram.
A boca se nega a falar, os pés a caminhar.
Minha sombra já não me segue.
Os risos se trancaram no fundo da garganta. Negam-se a sair.
O toque das mãos quentes
Sempre me faziam gargalhar. Nem chorar me fazem mais.
- CHEGA! Devolvam já as rédeas de mim.
Olharam-me atordoados. Foi assim o fim de tudo.
Fiz-me novamente Alfa e Ômega de mim.
Gargalhei, chorei num único segundo.
Corri e ajoelhei, ralei e senti dor. Foi um gozo de dor.
Decretei o fim das ilusões. E o meu coração mandei embora por incompetência.
Vou reformar essa zona.
Comprar glóbulos novos e começar tudo de novo.