O Tempo dos Amantes

O tempo é a medida relativa dos altos e baixos de um ponteiro que, em órbita circular, precisa uma única vida.

Nossos relógios se alinharam no mesmo fuso no dia em que nos conhecemos. Desafiamos, de peito aberto, a ciência do tempo.

O despertador de todas as manhãs se desfaz de seus raios, e estes penetram pelas frestas de minha janela, em um intempestivo anseio por me iluminar a face.

Badalos me convidam a dançar sob o seu ritmo – minha doce amante – e a distância parece não tocar nossa sincronia.

O terceiro dia do mês brota-se atrasado em meus sentidos, pois minha amada já se despedira das trevas, estando a contemplar, em riste, a chegada de Hélio.

Enquanto isso, pássaros cortejavam o entôo de suas cornetas jubilosas – eis o anúncio da chegada de mais um dia festivo.

Relativo, nada além do tempo nosso. Somos duas vidas serventes ao mesmo relógio, guiadas por um mesmo calendário.

Subjetivo, o nosso coletivo. Absoluto, o amor meu e seu – rei e rainha de um tempo que não nos legifera, marca-nos, então somente, os passos.