Que a Vida nunca tem Fim

Quando nasce uma Figueira

Numa manhã de janeiro

Se espalha no mundo inteiro

A notícia alvissareira

E se preparam as poedeiras

Que há alicerce pros ninhos

Amam os machos passarinhos

Às suas amadas fêmeas

Que todas são Almas gêmeas

Neste que é um mundo sozinho...

E eu que sou dos voadores

Cruzado com os vegetais

Vôo com asas de folhas

Flutuo com aéreas bolhas

Sobre estrelas-animais

E quando bebo os movimentos

Sou da estirpe dos ventos

Que voam, mas têm raiz

Não me extrai a matemática

Sou da cinética e estática

Me mexo quando é preciso

Sou um espelho sem narciso

Que se enxerga a si mesmo

Sou um pleonasmo; um torresmo

Um supra-sumo de nada

Me religo à anarquia

E me ajoelho à tirania

Que me liberta do fim

Quando eu não me arrependo

Por continuar me vendendo

A essas Figueiras nascendo

E a tantos ovos morrendo

Para a Vida não ter fim...

Por isto é que Amo tanto

Os ovos dessas Figueiras

E essas flores-passarinhas

Que voam de suas rameiras

Então me peso e boto preço

No que fiz até aqui

E me absolvo e condeno

Não porque envelheci

Me acuso é de ser tão velho

Se ainda sou tão Guri...

Se não tomarem por ofensa, dedico este torresmo ao meu Amigo "Gui" e a toda a sua Amiga Família, exemplos de cidadania e de espírito de comunidade, nesta nossa Guaíba de tantas Figueiras e tantos ovos bem chocados.

Aldo Urruth
Enviado por Aldo Urruth em 01/09/2009
Reeditado em 01/09/2009
Código do texto: T1787340