A poesia eterna

Descendente do sofrimento,

Desencadeado por sentimento,

Gostar com ou sem merecimento.

É a areia do cimento,

É castigar-se com arrebatamento,

É o cantar do galo em um coração sonolento.

Mesmo que não o tenha

É possível tê-lo.

Quando o músculo com sangue bate forte

É porque ele chegou para livrá-lo da morte.

Quando ele lhe trás a vida

Ele é o remédio das feridas,

Um paralelo de meninos e meninas,

De serenos e serenatas,

De amigos e amigas.

É questão de construir estradas,

Longínquas e por vezes antiquadas.

Destrói naturezas silenciosas

São águas puras, porém evaporadas.

De um perto distante,

Um coração errante,

Destino emocionante,

Prazer delirante,

É musica de Tom Jobim

É quadro de Di Cavalcanti.

É o sabor do sorvete em um dia de sol escaldante.

Arde e distrai,

Toda a solidão dele com ele se esvaem.

No curso da caneta ele se faz presente

É o bem dentro do deprimente,

É a planta da semente,

O fruto do solo úmido que na arvore com ternura cresce de repente,

A bolha do pé no chão quente.

São os passos que dou pra frente.

Tudo o que passa visando o horizonte

É o pássaro da luz que viaja para longe

Para levar junto à carta

O beijo quente e a pedra que se morde,

Que tem gosto diferente

Tem gosto de doce, amargo e salgado,

De coxinha, limão e Maria mole.

É o único que se escolhe

O infinito que se não cuidar morre.

É um copo de coca,

São os pés da minhoca,

É o impermeável que se molha,

É tosco, porém por ele perdemos a vergonha

De dizermos coisas sem sentido

E mesmo assim ver a flor murcha que se aflora

Se fazendo luz no encanto d’aurora.

Em um simples olhar vê-se a verdade,

Na escuridão a claridade,

Um conjunto de paixão e saudade.

No travesseiro um sonho bom,

No espelho a marca de batom,

É o doce de cor marrom,

Da musica ele é o tom.

É a graça da piada,

O carinho do espinho,

A vestimenta da alma nua,

Do céu ela é o azul,

O amarelo do sol,

A isca do anzol,

Do barco ele é o farol.

É fácil de dizer,

É incrível sentir

E quando se demonstra em concreto

Faz até o inferno sorrir.

Nas qualidades de seus defeitos,

É o estresse da calmaria,

São blindados e tropas de infantarias de Mussolini,

São os números da vida e a letra da melodia,

É português, matemática,

História e geografia.

Do feio é a beleza,

Do incerto a clareza,

São os pássaros de toda a natureza.

Simples complexas rimas,

O andar da carruagem,

O sentir das poesias,

Sem ele nada se faz,

Com ele a felicidade se completa,

Do menos ele é o mais.

Já se ouviu dizer que é o ar que respiramos,

Os quadros de ex-namorados que triste guardamos,

O impensado que pensamos,

O indesejável que desejamos.

Depois de tanto escrever vi que de nada valeu,

Pois ele é mais do que qualquer coisa que podemos imaginar,

É a caixa guardada entre mudas de roupas,

Que do desvinculo ela se faz de novo vincular,

É o sentido da vida que nos faz entregar.

O posto do ódio,

Parente da discórdia,

Morrendo por ele aos poucos pedimos misericórdia.

Um presente de Deus, dádiva dos anjos,

Infelizes traços de sorrisos angelicais,

Abelhas entre corações e florais,

A beleza dos horríveis manguezais.

Não mata por ser dócil,

Se engrandece de feroz,

Entre olhares predestinados,

Homem e mulher ficam sem voz.

Fazer o desacreditado acreditar,

O abandonado se encontrar,

O infeliz se alegrar,

A paixão se aflorar,

Faz o incompreensível se aleitar

Nos corpos e mentes em sintonia à luz do luar.

É a faca que crava no peito,

Dos homens, mulheres, plantas e animais.

É a legião do amor,

Sejam elas urbanas ou rurais.

São Suspiros Poéticos e Saudades

Ou as canções de Vinicius de Morais.

São águas passadas que voltam atrás,

É o tom da poesia e de outros eticéteras e tais.

É o que torna pessoas diferentes,

A união de seres iguais,

São as palavras tocantes

Dos poetas imortais.

Faz chorar, faz sofrer,

Para que no final olhe para trás

E veja que fez por merecer.

Com palavras que machucam e falsas verdades,

Que fizeram o coração adoecer.

Nada que impeça de voltar atrás e amar pra valer.

É o que te faz acordar em todas as manhãs.

É Lord Byron, Castro Alves e Gonçalves de Magalhães.

Som de piano unido com os acordes da guitarra,

O teclado tocando toquinho em tom de violão,

É o romantismo, barroco e parnasianismo

Unidos pela solidariedade na hora da solidão.

No partir dos montes,

Sem rumos nem horizontes,

Sentindo-se em estado vegetal,

É o temor que toma conta do incrédulo animal.

No poema interminável que um dia acabará,

Falar deste é como esperança,

Ouvir é como matança,

Mas não se afobe,

Pois ainda é a dor que desatina sem doer,

Ainda é ferida que dói e não se sentem

E o tal do contentamento descontente,

Ele é o inexistente que vaga por entre a gente,

E não há poeta que não o tenha

Ou o romancista que não o saiba interpretar.

Nas esquinas da saudade,

Nas ruas da paixão com a do ódio,

Um prelúdio para a vida eterna,

É mais do que Platão e o Mito da Caverna.

São os versos da poesia eterna,

Curador de pudor,

Com prazer quero lhes apresentar ele:

o amor.

Luiz Aguinaldo
Enviado por Luiz Aguinaldo em 30/08/2009
Código do texto: T1783050
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