A tarde cai e o silêncio é profundo...
A tarde cai e o silêncio é profundo...
Escondo-me: não quero que me vejas...
És, ao mesmo tempo, o meu amor
E o meu mais cruel torturador...
- Serás ainda o meu predador?...
- Por quanto tempo lembrarás da tua flor?...
Trazes as mais profundas alegrias
No amor que me dedicas com paixão...
Mas sinto-me como frágil andorinha
Nas garras do falcão...
A Vida...
Há a vida sempre arma-nos peças!...
Emaranhados de sonhos, estilhaços,
Caminhos sem volta e grandes labirintos...
- A moeda tem sempre duas faces...
Há decisões que fogem... Nos escapam,
Amarrando-nos em imensas correntezas
Os pés e mãos, trazendo-nos quais presas
A correntes que pra sempre durarão...
São pedras que nos puxam para o fundo
Enquanto as mãos não conseguem se soltar;
E não saímos nunca do lugar...
A água nos engole... A superfície
Gostaríamos de até lá chegar... Mas é impossível...
Então eu me escondo do jeito que mais posso,
Para que não venhas jamais a me encontrar...
Antes sofrer, afogada nesta águas,
Do que ver o teu sorriso, meu amado,
Desaparecer ante um peso a carregar...
- E um dia, ao andares nas campinas,
Procura um caudaloso rio que segue o luar...
E numa noite de brilho, ouvirás,
Um lamento que te fará lembrar
Que um dia tiveste uma flor...
Efêmera, talvez... Tão simples, que te amava...
...E que tu a tiveste de deixar...