Senhora! Na vida sonhada, que tu murmuras acordada,
Antevejo; neste teu arfar; o desejo e o segredo que desvelo;
No simples olhar, que lhe lanço, sem mácula, sem apelo,
És tu a deusa, que ao meu tato se faz desejada,
Oxum dos meus dias; nas águas do teu corpo solene
Banho-me com os minerais que entorpecem a fúria,
Do combatente sem pátria, e sem arrimo perene
Que fez escolha e na espada da lei tem argumento de cúria
Nosso amor é encontro das forças, que arremetem pureza,
E tem fastio dos orgulhos torpes e das vaidades destoantes!
E é no templo do teu corpo irradiante, de curvilínea natureza,
Que silencio meu horror, pelos desconcertos estuantes,
Que na dura crueza das vidas, dos caducos delirantes
É perfeição; que firma, estes tempos de horrores à beleza!