Quisera nunca mais acordar
Quisera nunca mais acordar
Quisera que minha deusa entendesse,
A dimensão do amor que lhe devoto,
Me levasse ao seu íntimo mais remoto
E com um beijo me adormecesse.
Quisera que nunca mais amanhecesse,
Eu fosse um ser sem ser, ignoto,
Sem direito a reclamar, sem voto,
E á vontade dela me submetesse.
Viver de sonhos, assim, não acordar,
Queria de açucenas te enfeitar,
Ser feliz na mente de corpo vazio.
Acordar para quê se tudo é ilusão,
Se só a fantasia me dá consolação,
Que o corpo tolera e a alma não gosta.
Carlos Sousa