Como no Filme

Não me prenda, Josemires,

pois atiro-te na cara

minha chance, coisa rara,

de ficar no teu momento.

Não me tolha, meu garoto,

pois esfrego-te na fuça

minha buça que soluça

por teu beijo mais sedento.

Não me cinja, meu querido,

que te agrido com meu grito

num orgasmo inaudito,

mais que entretenimento.

Não me fuce, seu safado,

não me lamba o melado

com esse jeito enviezado

que imitar às vezes tento.

Não me cubra, Josemires,

que te expulso e te acolho.

Vou olhando no teu olho

num vai-e-vem que é o meu alento.

Não me impeça, seu maldito,

o meu tapa, a minha ira

de demente que delira

quando em ti me arrebento.

Não te assustes, meu menino,

com a força do meu berro

quando te disser que quero

aumentar o movimento.

Não me aperte, meu tesouro,

quero é ser estrangulada,

quero ser arreganhada,

quero ser o teu tormento.

Nunca pare, Josemires,

ou então eu vou por cima,

vou com a minha adrenalina

sem a qual não me alimento.

Não me escute, meu fofinho,

se eu disser que tu me matas,

me flagelas e maltratas,

isso é só o que invento.

Na verdade o que desejo

é teu beijo e a tua espada

dentro de mim enfiada

pra acabar com o meu lamento.

Não me peça, seu manhoso,

pra parar, senão te bato,

te arranho ou te mato

ou te corto o instrumento

pra guardá-lo, Josemires,

dentro de mim, tão sublime,

como vi naquele filme

que roubei do esquecimento.

Rio, 26/04/2006