AS AREIAS DO TEMPO
AS AREIAS DO TEMPO
Jorge Linhaça
Escorrem hoje as areias do tempo
Entre os meus dedos cansados da luta
A nostalgia no peito m'enluta
Urde as teias do meu contratempo.
Lança-me a mente pra trás, ao destempo
E o meu coração, coitado, reluta,
Em libertar-se da ânsi'mpoluta
Perdid'agor'em rebel entretempo
Fogem as horas, esvaem-s'os dias
Passam-s'os meses e findam-s'os anos
Enquant'a dor ao meu peit'assedia
Morr'alegria, só fica-m'a dor
Eu qu'em minh'alma fazia mil planos
Hoje me vejo distante do amor.
Arandu, 23 de agosto de 2009