Eu te amo, eu te amo, eu te amo...
Parece que eu nunca disse “eu te amo” a ninguém...
Logo eu, que o amor não se aparta do meu corpo.
O amor sou eu, ou ele está em mim impregnado,
não tenho corpo nem vida sem amor absoluto.
Caminho mudo pelo caminho da minha vida...
Amo muito, falo pouco, falo nada, calo sempre.
Meu sonho de amor total voa num tapete mágico,
sempre adiante, sem empecilho, nem turbulência.
Não obedeço a limites, vou pintando o cenário da vida.
Vou eu e muitos que amo, sem que eles nunca tenham
ouvido de mim um eu te amo.Um eu te amo de verdade.
Somente outros e outros sons vão pintando a paisagem,
apenas aquele brilho morno brincando na minha viagem.
Funcionam como olhos que olham invertidos
para a poesia que jaz inerte dentro de mim,
arraigada e tão enraizada nas minhas veias,
no meu sangue tímido de poeta sem palavras,
que se segura timidamente na força da escrita.
Essas lágrimas cristalizadas nos olhos da minha alma
vão brincando na minha calma de homem e vil mortal.
Este que tem sede de saudade, que morre na fome das vontades,
na inanição de pecados, triviais ou capitais, ou pecados mortais...
Tenho em mim o amor em ebulição...
Numa carência de palavras, numa mudez de confissão.
Numa ausência de “eu te amo” aos que amo de verdade.
A estes deixo a minha poesia raquítica estampada
na rouquidão da minha voz, que murmura baixinho
pra dentro de mim: eu te amo, eu te amo, eu te amo...