Silêncio!

Não fala nada...

Não há nem um ressentimento entre nós dois.

São águas passadas.

Nossa história há muito acabou.

Um dia vivemos uma loucura de amor.

Encaramos o mundo de frente.

Vencemos todo dissabor.

Éramos jovens, destemidos, inconsequentes.

Hoje, cada um tem sua família, segue seu rumo.

O relógio do tempo já deu tantas voltas...

Ninguém acreditaria se lesse sobre nossas revoltas.

Já dormimos nus na praia... Viramos o avesso do mundo...

Parece bobagem, mas se nossos filhos fizessem isso...

Provavelmente perderíamos o júizo.

Inda bem que ninguém sabe disso.

Imagina!... Seria um calvário, um martírio.

Em nossa juventude fomos os rebeldes,

Pulávamos janelas quando éramos trancados nos quartos.

Se minha filha fizer isso, entro em estresse.

Há trinta e cinco anos, lhe roubei na ilha dos macacos.

Nossa história vive irrequieta, nunca terá fim.

Olho pra você, uma bela senhora, continua linda...

Olho-me no espelho, e vejo aquele menino vivo dentro de mim.

A vida nos prega peças... Eu era seu e você era minha.

Apesar desse silêncio, dentro de mim, vive o passado.

Nunca mais amei de verdade outra mulher.

Nosso tempo devia ter ficado parado...

Perdi o encanto, o amor, a fé.

Hoje meu mundo é assim, incolor.

Vivo por viver, para completar minhas páginas.

Dou o melhor de mim, mas não é com o mesmo amor.

Nossa separação foi a minha maior baixa.

Eu senti tanto amor por você,

Que não sobrou nem paixão para mais ninguém.

Esse poema é nosso dossiê...

Quem sabe um dia a gente ainda se vê no além!