Mesmo Desafinando
De amor tão desprezado
Fez-se cantor, o desafinado
Arriscando-se sob a janela
De tão terno era seu canto
Que o luar, que brilhava tanto
Iluminava o quarto dela
E sabe-se queo guarda noturno
De apitos inoportunos
Ditou ritmo à seresta
E o ladrão oportunista
Fez da janela sua pista
E dançou na noite em festa
E o bebê na mamadeira
Tomou goles em saideira
A gingar com a brincadeira
Na ambulância o paciente
Sem saber se era doente
Nos acordes se envolveu
Se partiu , ou se viveu
Sò pela manhã seguinte
O rádio informou o ouvinte
E a noite toda orquestrada
Não convence a doce amada
Que continua a dormir,a sonhar
E o cantor a desafinar
Gastando seu peito inteiro
E ela cruel a sonhar, com outro seresteiro