Mesmo Desafinando

De amor tão desprezado

Fez-se cantor, o desafinado

Arriscando-se sob a janela

De tão terno era seu canto

Que o luar, que brilhava tanto

Iluminava o quarto dela

E sabe-se queo guarda noturno

De apitos inoportunos

Ditou ritmo à seresta

E o ladrão oportunista

Fez da janela sua pista

E dançou na noite em festa

E o bebê na mamadeira

Tomou goles em saideira

A gingar com a brincadeira

Na ambulância o paciente

Sem saber se era doente

Nos acordes se envolveu

Se partiu , ou se viveu

Sò pela manhã seguinte

O rádio informou o ouvinte

E a noite toda orquestrada

Não convence a doce amada

Que continua a dormir,a sonhar

E o cantor a desafinar

Gastando seu peito inteiro

E ela cruel a sonhar, com outro seresteiro

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 23/08/2009
Reeditado em 23/08/2009
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