Eu tornei a ver o amado...
Eu tornei a ver o meu amado,
O amado do meu coração...
Aquele que esperei por tantas luas...
- Não esperei em vão...
O mesmo rosto lindo, o mágico olhar,
A mesma voz amada, o mesmo beijar...
Mas ele passou por mim e seguiu o seu caminho...
- Não quis ficar...
- Ventos de todos os quadrantes,
Lua linda que no céu encantas,
Árvores que tocam melodias
Quando o vento as toca e as melancolias
Se espalham pelo ar:
- Vão dizer ao meu amor
Que eu estou a o esperar...
- Sol que aqueces na terra, nos invernos,
E trazes vida ao que era pó,
Vai dizer ao meu amado que o espero!
- Estou aqui tão só...
Estrelas e luzeiros vespertinos
Que encantam o céu no entardecer!
- Digam a ele que vou esperá-lo
Até morrer...
- Não! Nada digam... Deixem que trilhe
O caminho que ele escolheu...
Se me esqueceu, outra ao seu lado hoje há de estar
E, para mim, não haverá lugar...
Apenas amaciem o meu leito feito em folhas
Do jardim onde sua rosa conheceu;
E que ele não saiba destas dores minhas
Pois creio que nem mesmo me reconheceu...
- Digam-lhe... Não, não digam nada!
Que siga firme em sua caminhada
E seja feliz...
Por que irei atrapalhar o seu caminho
Se sua felicidade eu sempre quis?...
E, à noite, em seu quarto descansado,
Que a mulher que colocou no meu lugar
Seja-lhe doce e meiga em seus carinhos
E o ame com todo o amor, em meu lugar...
Seja-lhe terna e doce companheira,
Amiga, irmã, amante, verdadeira,
Alma serena que o há de acompanhar...
Que ela lhe seja melhor do que eu, em seu lugar...
Que ele me esqueça, que não lhe turbe a vista
Quando passar em lugares já vividos
Cheios de amor, comigo, de mãos dadas...
Dá-lhe o esquecer-me, ó mais rica das fadas!...
Que eu cresça como a grama em seu jardim
Para que possa pisar-me, mesmo assim,
E ao vê-lo de longe ou pouco mais de perto,
Ele não se lembre nunca mais de mim...
Que seu lar seja sorrisos e planuras
E compreensão e Paz! Noites escuras
Se afastem para longe ao seu passar...
Com ele está a donzela dos salões...
E eu sou flor do campo... Nos serões
De seu ambiente, eu não poderia eu entrar...
Seja eu apenas a brisa que refresca
A sua testa nas tardes de verão...
Que seja o sol que seus pés aquecem
Nos dias frios que tanto o aborrecem...
Que, se ele vier a ler este poema,
Não saiba que para ele foi escrito...
Nem desconfie que, em cada fonema,
Seu nome com lágrimas está inscrito...