Ando a esmo a procurando um sonho...
Ando a esmo a procura de um sonho
Que aqueça meu coração e me sufoque de amor...
Procuro beijos e paixão ardente,
Mas mais do que isto, quero alma e coração...
Onde andará a “alma gêmea”, se é que a tenho?...
Brincando comigo de “esconde-esconde”?...
Posso perder as forças na corrida
E posso fazer chorar meu rosto tão risonho
De tão cansado destes desencontros...
Ando a esmo: sensação vazia
De muita vida sem ter onde doar...
Perco-me em passos, não acho saída,
No labirinto que não me quer largar...
Não tenho fios de prata que mostrem o retorno...
Sinto-me perdida na caverna escura...
Sinto que dou voltas no caminho andado
E só consigo ver que ando em torno
Do que eu quero, mas não posso achar...
Será que há Vida em este lugar?...
Será que um amor assim desperdiçar
Não seria falta de juízo?... Ensandecida
Estarei por terra e mar?...
Grutas imensas abocanham-me a esperança...
Precisarei de asas para poder voar
E num lugar feito de sonho te encontrar...
Nas letras frias procuro fazer versos
Que alcancem ares e cortem as lonjuras...
Já esqueceste que também procuras
Um porto certo para aportar?...
Não vale a pena viver "só um pouco"
Quando uma Vida se tem a vivenciar...
Só vale a pena o que alcança a lua
E nos meus braços te faz descansar...
Eu sei que queres a fruta madura
Que só meus beijos poderão te dar...
Porque demoras?... Tu não tens receio
Que eu dia eu possa cá não mais estar?...
Ergo meu grito lancinante! A Vida
Quero viver! Não quero rastejar
Como um espectro em frente de um espelho
Vendo a aparência em mim se desgastar...
Não admito viver de aparências
Quando se tem à mão todo um pomar
De frutos maduros, suculentos sumos,
Que estão à espera do teu alcançar...
Cansa-me esta espera inútil, morta...
Quero da Vida a Essência sim, provar...
Cansei-me destas noites mortas, ao relento,
Onde não tenho um ombro para me encostar...
Ando a esmo, procurando um sonho...
Já estou cansada de tanto esperar...
Um sonho...
- E quem me disse que tenho este direito
De contigo sonhar e te esperar?...
Volta, alma cansada ao teu abrigo antigo...
Volta ao teu casulo, vai te enclausurar...
Só que Borboleta não tem mais casulo...
E em pobre verme irá se transformar...
- Imagina!... Isto que meu nome é Esperança!...
O que seria de mim se assim não fosse?...