O AMOR QUE PROCURAMOS

Encontrei o grande amor de minha vida,

mas ele escorreu entre meus dedos.

Encontrei novo amor e ele teve o mesmo

destino.

Assim, a vida foi percorrendo minha

existência, como se eu não tivesse o menor

controle sobre as coisas do amor.

E foi amor atrãs de amor se sucedendo

em progressão geométrica, aritmética e que

se dane a métrica. O que não consigo medir

é o amor que vai dentro de mim. Ora me deleito]

na cama, ora no dia a dia. Afinal, há mais

formas de amor do que podemos sentir.

E o único que tenho certeza é o amor por

mim mesmo e assim mesmo, às vezes, vacilo.

Não sou de amores únicos mas sempre me pego

a pensar se ele existe mesmo ou existe uma

relação duradoura questionável.

Tenho certeza, porém, que imprescíndivel ao

amor é a liberdade, a compreensão, enfim,

preceitos que extraímos com muita facilidade

do cristianismo. Amar é...

Amar é e não ter amor. Ninguém tem amor.

Todos vivem o "amar", verbo transitivo direto,

como disse jã um poeta.Portanto, é na intera-

tividade que repousa o amor.Ou poderá alguma

árvore, que seja, manter-se com vida sem

integrar-se, interagir com a terra, o sol e o

oxigênio? Sem vida o amor não se realiza, sem

interatividade não amamos.

Seremos sempre uma aranha andando por fios

tênues, tecendo cada milímetro de nossa rede

amorosa. Não sou mais um homem de um amor único

mas um homem de um único amor.; Os fios de minha

rede aracnídea não são mais tênues, porém,

também, não sou uma viuva negra. Sou aquela

aranha que tece cada décimo de milímetro para

que sua rede seja repouso e não armadilha.

Me sinto, portanto, um inseto. Estupidez!

Dane-se a cautela, viva o imprevisto.;

abaixo a ventura e "arriba" a aventura, adeus

ao tédio e a melancolia, bem-vindos o desconhe-

cido, o mistério, a novidade, os desafios.

Quero errar o fio aracnídio e pairar no ar,

cair no vazio e dele ressurgir com um sopro de

sonho. Deleitar-me no leito com prazer e

acordar com a gostosa sensação de sentir-se que

rido será apenas mais uma faceta de meu único

amor. Aquele amor que sempre me irá dentro,

Aí, então, sentirei o calor do sol em minha

pele, olharei para o céu azul e uma força

interna, ainda me perguntará: o que mais

deverei fazer para preservar meus amores e

conquistar outros amores?

O sol dará um leve sorriso e uma piscadela

maliciosa.

Odair Perrotti
Enviado por Odair Perrotti em 19/08/2009
Reeditado em 19/08/2009
Código do texto: T1763225