DIVINA CARÍCIA

DIVINA CARÍCIA

dantesca tarefa

a de administrar amizade

qual seja a tua

o jegue empina orelhas

zurrando esfaimado,

e no silêncio do pensamento

escoiceia as paredes do peito,

inda que firmes estejam as rédeas,

embora trêmulas as mãos que as seguram

nem tanto é a matéria,

esses acidentes vulcânicos

que te cobrem o corpo

e te fazem tão fêmea,

que ele deseja.

é a índole calma

que o arrebata e atrai;

essa alma plena e altiva,

mas meiga, amiga e perfumada,

sem tabus de consciência;

sem falsos pudores.

mas... quando a maciez,

a femínea nudez dos teus braços,

embalsamada de carinhos,

lhe enrodilha o pescoço

e os lábios carnudos, úmidos,

roçam seu rosto

(divina carícia!)

é a tua boca

que ardentemente deseja.

... e saciar essa insânia maluca;

e erguer teu corpo nos braços;

e deitá-lo sobre linhos na alcova

e, por eternos momentos,

sentir-te

... somente mulher.

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 19/08/2009
Reeditado em 22/12/2011
Código do texto: T1762978
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