DIVINA CARÍCIA
DIVINA CARÍCIA
dantesca tarefa
a de administrar amizade
qual seja a tua
o jegue empina orelhas
zurrando esfaimado,
e no silêncio do pensamento
escoiceia as paredes do peito,
inda que firmes estejam as rédeas,
embora trêmulas as mãos que as seguram
nem tanto é a matéria,
esses acidentes vulcânicos
que te cobrem o corpo
e te fazem tão fêmea,
que ele deseja.
é a índole calma
que o arrebata e atrai;
essa alma plena e altiva,
mas meiga, amiga e perfumada,
sem tabus de consciência;
sem falsos pudores.
mas... quando a maciez,
a femínea nudez dos teus braços,
embalsamada de carinhos,
lhe enrodilha o pescoço
e os lábios carnudos, úmidos,
roçam seu rosto
(divina carícia!)
é a tua boca
que ardentemente deseja.
... e saciar essa insânia maluca;
e erguer teu corpo nos braços;
e deitá-lo sobre linhos na alcova
e, por eternos momentos,
sentir-te
... somente mulher.