LÁGRIMA

Derramo meu choro sob a chuva lá fora
para que assim ninguém o veja
Quando voltares, terei um sorriso nos lábios
e finjo que a dor não doeu,
por mais difícil que seja.

Engulo essa angústia a seco e sem medo
para que nem mesmo tu a percebas
e embora seja eu quem eviscere na espera,
por não saber bem como receber-te
abro os braços para que tu me recebas

Encaro por nós dois todo o silêncio
pra que sobre ti não recaia qualquer peso
se doer em nós mortalmente o momento
mas puder reaflorar o amor que sentes
saibas que no fim eu sairei ileso

Eu fico em silêncio quando o que mais queria
era me esgarçar em gritos ao vento
mas entendo sua tibiez arredia
e aprendi a entender que o silêncio
também é forma de lidar com sentimento

Mas vê se não demora
tal qual um tártaro a impregnar pouco a pouco
a saudade vai em mim se consumindo
a ponto de me deixar quase louco

Mas vê se não demora, me tira desse lodo
pois eu espero a sua volta, ainda que tardia
verás que apesar da dor, o tempo todo,
estar com você era tudo que eu queria...