Nem um minuto sem ela


Sentado nesta cadeira na cor tabaco.
Estou cabisbaixo e dos pés esticados
Com os dedos dos meus pés de fora dos chinelos

Sozinho, sentido;
Como companhia eu proso com os meus botões
Os da minha camisa

Roendo as unhas
E dos meus dentes
Dilacerando cutículas

Ergo a cabeça para o alto
Vejo uma mariposa boba no teto verde.
Desce rodopiando batendo asas como se tivesse dopado

Olho para o lado a minha direita
Na parede não vejo nada
Olho para o lado a minha esquerda
Outra com três quadros.

Os meus botões me cansaram
Eu muito mais da prosa,
Desta forma sou fã do monólogo

Imagino agora em contar inúmeras pétalas de rosas
Ou quem sabe eu me deslocar até ali naquele canto onde há vasos com plantas verdes sem água,
e sendo assim eu as posso aguar
Ou, talvez pra rotina fosse um radinho aqui com pilhas numa estação AM que muito fala;





Não!
Melhor eu me levantar
E descer descalços as escadas e devagar:
-Não!


Melhor eu descer escorregando sobre o seu corrimão:                                                                                                       -Não!

Também não!
Vou andando com calma.
Vou para frente do quintal e nossa que sol ardido; quente!
Volto correndo para dentro de casa e novamente me sento.

Sentado nesta cadeira na cor tabaco.
Olhando bem adiante e dos pés esticados
Com os dedos dos meus pés de fora sem os chinelos

Avisto pela janela um sonho de mulher vindo para cá;
Em suas mãos eu vejo flores e quando ela se aproxima
Vem-me num sorriso lindo me dando um olá!

Hei Pare!
Parei com este martírio.
Quem vem voltando é a minha bela lá do campo verde!
É! Eu me encontrava da mente embaralhada...

Pois eu não consigo viver nem um minuto sem ela.



------------------------------------------------------------------


Claudemir Lima - 15/08/2009