Ingênua
Tanto sol, é sol demais
a aurora em teus cabelos,
esplenor de girassóis
pra volúpia dos espelhos.
Tu me feres de azul,
de azul me desconsolo...
É demais o céu do sul
refletido nos teus olhos.
Se te despes na penumbra,
formosura em puro zelo,
mesmo a lua se deslumbra
com a poesia em pele e pêlos.
O teu corpo é trigo e plumas,
ouro aflito em frenesi
e as estrelas, uma a uma,
se acendem para ti.
É, talvez, por teu fascinio,
pela nua ingenuidade,
que os cardeais gorjeiam hinos
nos quintais dos arrabaldes.
É demais exuberância,
sobre o colo, tanta luz,
que até, mesmo, Deus descansa
nos teus seios -numa cruz...