A PRECE E A VENTANIA
Que um último gole de vinho cale bem fundo a alma
Que dos males que sofri, todos se acabem nesse instante
E que as lágrimas de sangue não comportem mais que a imensidão dos meus olhos
Nesse banquete que é a vida...
Vou embriagar até deixar de doer à ferida
Que meus mais dolorosos medos sejam por fim desvendados
E que eu não tenha que mentir além dos meus próprios espaços
Que das janelas donde antes nada se via, exista muito mais que sombras
Que eu não tenha mais que capengar entorpecido
E que eu não seja somente aquele guerreiro eternamente vencido
Que por fim... No fim
Eu seja muito mais que palavras perdidas
Muito mais que trovão sem chuva
Que eu seja mais que menino num corpo de homem
Mas que também seja o velho com espírito de jovem
Que minha boca encontre outra que não seja perdida
Porque no banquete que é a morte...
Eu quero o vinho e o sangue na mesma medida!