A rua onde moro

A rua onde moro é barulhenta como uma cachoeira

Tem moradia de todos os estilos e olham-me à noite

Quando minha dor o ponto culminante passa.

Tem pontos sem luz e infames, de onde voam papeis

Temendo o vento, tem estampidos que matam.

Na rua onde moro os gatos morreram todos, os cães

Que ladravam desapareceram, as arvores secaram

Tentando escapar à ação dos homens, a rua onde

Moro é pavorosa...

No templo não há ninguém de joelho adorando os santos,

Temendo a sombra que surpreende. A rua onde moro

Tem refletores instalados, mas não acendem, lá o filho

Desrespeitou o pai porque não queria ser seu filho.

Na escuridão da moradia nada brilha. Na rua onde moro

Não há pecado, só pecadores, os homens são heróis.

Os meninos são grandes, tem meninas grávidas,

Os felinos partiram não sei para onde...

Há fuga para manter a vida, arrependimentos,

Provocação e traçantes cortando o céu, aniquilamento

E negação, trata-se de uma rua como as demais,

Com os mesmo problemas cotidianos, tristeza noturna.

É a rua onde vivo minha aflição, não há eco vindo

Das cavernas como no passado, olhando do meu quarto

É uma rua que inspira amor, vontade de fugir

Do zumbido carregado das amas de fogo

Há saudade do tempo que se foi...

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 15/08/2009
Reeditado em 16/08/2009
Código do texto: T1756243
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