Não posso calar... Deixa-me falar!
Minha alma procura segredos
Para tanto anda por enredos
Cogitações que minha mente esconde
Por onde anda em caminhos escuros
Medos recondidos, em algum canto obscuro.
Meus sentidos voam ao sabor
Vestidos num corpo, pele e alma indolor
Numa harmonia das palavras não ditas
Presas na boca de minha garganta
Dos olhares intensos trocados
Beijos e abraços não realizados
Explodindo de desejos insatisfeitos
Que nos unem num mesmo projeto
Meus sentimentos navegando ao largo
De meus pensamentos que já não
Co-habitam mais dentro de mim...
Como se outro existisse alem e aquém
Por isso meu amor...
Deixa-me falar...
Não posso mais calar
O que meu ser quer gritar e proclamar
Deitar cá para fora este turbilhão de palavras
Estes anseios que meu coração já não consente
Que busca cativar só a você somente
Estes impulsos que meu corpo já não perdoa
Que por ti fica como um andarilho à toa
Deixa-me falar...
Denegrir todas as minhas construções ilusórias
Os descaminhos que tracei de forma inglória
Colorir todas as minhas histórias
Fantasiar todas aquelas memórias que já não posso calar
E que chegou a hora de te declamar
Deixa-me falar...
Verbalizar todo este transe
Num passe, num só breve lance
Toda esta ansiedade que já não consigo engolir...
Quero falar, não aos teus olhos... Não há tua boca...
Mas ao teu poético conjunto que me põe louca
Deixa-me falar ao teu coração, à tua alma
Dizer tudo o que está dentro de mim...
Bem do princípio até o fim
Para em avalanche possa ir para dentro de ti
E deixar-te sem sentidos, sem palavras, sem meios...
Penetrar o teu ser com todo meu ardor
Deixa-me falar, meu amor...
Agora... Nesta hora!
Segurar você para que não vá embora
Para que depois eu me possa calar
Mas já com a felicidade aqui comigo a morar
Dueto: Catarina Camacho e Hildebrando Menezes