Amor nos Andes...
As montanhas estavam todas alinhadas de norte
a sul, e parecidas a uma grande espinha de peixe.
Um vento suave movia os nossos cabelos revoltos,
enquanto meus olhos se cruzavam com os teus.
Hum... nestas rocky mountains você estava linda
com teus longos cabelos dourando no entardecer.
Subir estava muito difícil agora com as pedras
que interrompiam nosso caminho para o alto,
e exigiam enorme esforço por falta de oxigênio.
Já estávamos a 4.500 metros e faltavam mais mil,
porque nosso objetivo era chegar ao Chimborazo,
que se via já fumegando, e atirando suas lavas,
que iam escorrendo pelo lado oriental da encosta,
vermelhando nossos olhos e aumentando o desejo
de logo estar bem nos bordes dessas erupções.
Agora era uma parada numa das poucas plataformas
desse altiplano que abrigavam os condores andinos,
essas aves gigantes que para mim lembravam perus.
Só que não se podia sequer imaginar um gordo peru
voando entre as escarpas dessas montanhas, rsrsrs.
Agora ela me olhava com seus olhos azuis clarinhos.
Os meus eram mais escuros mas combinavam bem.
Ela havia emagrecido muito nesses últimos meses,
assim que cabíamos os dois num mesmo sleep.
As noites eram frias nos Andes...muito frias mesmo
e dormíamos muitas vezes em lugares até nevados,
mas mesmo nesse frio, nos sentíamos quentinhos.
Curiosamente, quanto mais subíamos as escarpas,
mais e mais a nossa paixão ia avançando o sinal,
talvez porque a adrenalina já nos incomodava.
O sol perdia rápido sua luminosidade e ia sumindo
detrás daqueles picos pontiagudos como lanças,
enquanto sombras já anunciavam o chegar da noite,
que vinha junto com um vento que tudo ia congelando.
Puxa... havíamos descoberto uma caverna perfeita
para se passar a noite, livre de certas avalanches.
Na caverna havia um pequeno lago interno azulado
que a luz de nossas lanternas iluminava até o fundo.
Um pequeno lagarto correu bem diante de nós dois,
e desapareceu rapidamente entre as várias gretas.
Ela então me olhou...e seus olhos pareciam esse lago,
só que não eram frios, mas cheios de expressividade.
Nos envolvemos num abraço longo cheio de carinhos
e ficamos ali sem falar nada...a sentir esse lindo lago.
Acho que foi nessa escalada que a compreendi mais.
Estivemos nos ajudando um ao outro o tempo todo,
e isso fortaleceu em nós esse sentimento de união,
que era necessário para vencer essa dura escalada.
Agora, junto ao fogareiro a gás, um sopão já fervia.
Hum...aproveitando esse calorzinho nos abraçamos,
e ficamos bem juntinhos, apertados um no outro.
Nisso ela me olhou...e mordeu meus lábios de leve,
ela era assim mesmo ...gostava sempre de morder,
acho que tinha nascido mesmo com vocação de loba.
E como eu gostasse de morder éramos lobos os dois,
metidos numa caverna que justamente era o habitat.
Hum...que gostoso ela de loba e eu de lobo...que bom !
Nisso...como se fosse para confirmar, lá fora na noite,
um lobo uivou profundo, chamando sua companheira.
Olhei para ela e ela para mim... e nos entendemos.
compreendemos que também éramos iguais a lobos,
e nos apertamos mais...Sua mão quente me tateou.
Nossas mãos se cruzaram...e eu a apertei com força.
Eu a queria e ela me queria.
O lobo da noite uivou de novo.
Um augúrio...
Ela era minha loba...e eu o seu lobo.
Hum... Nós dois nos amamos muitoooo.
Nem frio sentimos...éramos lobos !!!
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Poesia que fiz em 14-08-09 às 21 h em SP
Lua minguante - sol fraco - 18 graus
Beijos e abraços para você...Bom sábado...
cseagull2@hotmail.com
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