POESIA DE AMOR

...O vento me fala de um tempo futuro
Das cores de um por do sol
Das gotas de tinta
Escorridas numa tela que só eu sei pintar.
O vento afaga os meus cabelos vermelhos
Tintos do suor das uvas
Que insistem em amadurecer agora
Quando as portas da catedral ainda não se abriram...
O vento traz um perfume que eu não conheço
Um perfume diferente do sândalo e da erva doce
Com os quais lavei as minhas palavras
Deixando-as secar sol
Para depois escrever cada rima e cada verso
Que brotavam como gemas preciosas...
Sopra vento...
Traga-me o pó dos pergaminhos
O sangue da terra
O breu e a magenta florescida no coração que pulsa
No grito daquelas que controlam as horas
Em rocas de madrepérola...
Traga-me o futuro e o passado engastado num anel de tempo
Pedra de fogo
Luz dos meus olhos
Perdida nos seus olhos...
Antítese de um sonho preso num relicário.
Silencio!
O tempo agora dorme
Enrodilhado feito um gato no desvão de um olhar que não se abriu.



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