PSICODELIA IRRACIONAL
Eu abri a porta e logo te avistei.
Teu corpo nú repousava sobre um gramado espesso.
Gotículas de chuva acariciavam a sua pele branca.
Seus olhos estavam fechados e miravam o céu,
um sorriso tranquilo estampava o seu rosto.
A chuva calma formava cortinas d'água.
Seus olhos se abriram,
e brilharam verdejantes em minha direção.
De repente seus lábios ficaram tensos,
mas seu rosto ainda guardava emoção.
De pé, se equilibrando em saltos altos,
num vestido transparente,
pude ver o contorno de suas curvas,
o relevo de teu corpo.
Do nada surgiram milhares de pétalas de rosas,
que caiam do céu feito uma cascata.
O sol dourado refletindo em seus cabelos,
iluminando a sua alma ímpar.
Você olhou pra mim e sorriu,
jogando os cabelos pro lado,
fitou os pés descalços
e as pegadas deixadas na areia branca.
As ondas do mar serpenteavam,
indo e vindo, com sua paciência milenar.
A água morna contornava tua cintura,
e como um amante carinhoso,
percorria teu corpo sem a menor pressa.
Abracei você com todas as minhas forças.
Seu perfume delicioso me fez levitar.
Ganhei de ti um beijo no rosto,
e algo indecifrável partiu do teu olhar.
As palavras que sairam de tua boca
cortaram o ar feito navalha.
Uma voz fina que suplicava um adeus.
"Deixe-me daqui cem anos,
e então vou te odiar daqui a mil anos",
disse a tua voz firme.
A lua cheia deu boas vindas a mais uma noite.
No alto de uma montanha,
a brisa fresca confortava nossos ombros.
Olhávamos os dois para o horizonte iluminado
de uma cidade qualquer.
Sem dizer uma palavra sequer,
sua mão procurou a minha.
Teu rosto lindo repousou no meu ombro esquerdo,
e uma rosa vermelha enfeitava teus louros cabelos.
Perdemos a noção do tempo,
e pouco importava em que ano estávamos.
Decidimos não olhar pra tráz,
decidimos não ser tão sérios.
Enfim, não decidimos nada.
Mas em silêncio,
dissemos ao mesmo tempo:
Eu te amo