PERDER-TE EM MIM...
Este labirinto que há em mim
Conduz a caminhos solitariamente meus.
Ocultados em mistérios noturnos,
onde o verão jamais clareou sua aurora.
Entrelaçados, seguem rumando o inatingível.
Voltas ao encontro de ti.
Sou eu quem te direciona para a passagem secreta,
necessária para desvendar o mistério.
A voz que ecoa livre e melódica.
A chamar-te.
Suave.
Leve.
Fria.
Nua.
Flutua plumamente em teus ouvidos.
O canto sublime do vento toca teus lábios.
E te arrasto triste, mas sedento de mim, ao meu encontro.
Muros te olham; veem-te passar pelo chão molhado, coberto por folhas secas e úmidas.
teus passos são lentos; tens medo do adiante.
E continuas a caminhar...
Só vês caminhos solitários e meus.
E quanto mais caminhas,bem mais te perco em meus braços.
Quando pensas em voltar, já transformei tuas pegadas e as varri para debaixo da folhagem.
O que caminhastes, mudei de direção.
Passas imensas vezes pelo mesmo lugar e não percebes.
E quanto mais andas e procuras, muito mais envolvo-te em meu corpo, aberto e teu.
O desepero te consome a visão e alimenta-me a esperança vazia.
E te escondo na gaveta do armário qua há em mim.
És a chave esquecida debaixo do colchão de minha cama,
que abre o cadeado, trancafiando minha
agenda.
Esquecida és a carta dentro do livro de poemas na estante azul.
Tua busca não cessa.
Tua angústia me comove, Teseu meu.
Teu Minotauro o espera.
Corto-lhe a corda que te amarra à entrada do infinito.
Agora, não fugirás do labirinto secreto.
...
A tarde cai e jamais encontrastes a saída.
Já tens lentos os teus passos.
A voz tua é silenciosa. Quase não te ouço.
Cais no chão, cansado, recostado em algum muro
Adormeces.
Achastes-me, enfim.
Em mim.
Assim.
Sim.
O fim.
Em mim...
...