TESOURO

E então revelo o amor aqui no peito
intrépido, sob a face que o vela
e guardado em meu silêncio eu espreito
a fina flor da paz que tu revelas

Se  oblíquo, tortuoso, te pareço
ao te amar mais mesmo que tu creias
Tão certo quanto o quanto me estremeço
ao ver meu sangue aí, em suas veias

É a pólvora que explode, incandescente
e faz do mestre ou sábio um aprendiz
um tolo, mentecapto, demende
não vê no coração, força motriz

Se me desapossei dos meus temores
qual águia a se atirar - primeiro vôo
não fecho mais os olhos ao fulgores
do amor do qual às vezes me destôo

E se por tudo isso ainda clamo
por seu amor impávido, perfeito
eu grávido de um amor que tanto amo
atravessando em flecha o teu peito

Aceites que o regente dessa peça
do qual somos os dois protagonistas
é o amor que a nós não fez promessas
mas foi chegando assim, por sob as vistas

Só peço agora que ouse acreditar
que temos o poder, a liberdade
por suas mãos enfim, eternizar
toda essa nossa louca felicidade.

Pois tudo que te dei em luz e cor
E de tão grande achastes ser quimera
É só uma gota do oceano de amor
que está contido em mim à sua espera

Te amo