Letras 0745 - Amor escravo

Meus deveres era uma espécie de escravidão,

podia sonhar, mas só seus sonhos,

pecar apenas os de sua escolha.

Viajar? Não, esta é uma má escolha,

precisamos apenas de nós, nos bastamos.

Sonhar é sempre mais que desejar,

sou como ouvinte de seus dias,

recostado no muro de fora da casa,

não sou bom para entrar e sentar a mesa,

mas posso ser só o palhaço que te faz gozar.

Não tenho ouro, não tenho sedas,

construo minha casa em corações alheios,

como no seu, que amo como louco,

e mesmo assim, abandonado do lado de fora,

como um pequeno trabalhador escravo.

Meu cenário é uma cama de motel,

meu palco seu corpo desejoso de prazer,

seu nu inflama, enquanto represento amores,

só que todos verdadeiros, puro e grato,

por senti-la tão junto e tão quente, antes de partir.

Os dias passam, os sonhos , as luzes apagam,

o amor fica invisível no meio da noite,

cansei de esperar o carinho, e fazer, e fazer,

como se o impossível fosse obrigação,

lutar e ceder sem vencedor, apenas escravo.

Hoje nega, mas virou inimiga do meu amor,

não fiz regras para sofrer, não pedi, apenas servi,

não desejo algemas nos meus sonhos, ou nossos,

quero somente amar uma mulher comum,

que também ama e sente, que dá amor sem cobrar.

Não quero provas, não sou lei do amor,

cavei meu chão no seu corpo e me enterrei,

quero paz, mesmo que não a beije nunca mais,

valeu saber que um dia existiu na minha vida,

é fim, hoje sou eu que não quero, não seu amor.

12/08/2009

Caio Lucas
Enviado por Caio Lucas em 12/08/2009
Código do texto: T1750405
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