AO CAIR DA TARDE
Ao cair da tarde o crepúsculo se veste de nostalgia, hora trazendo paz, hora levando a alegria. Ao cair da tarde lembranças de tardes, doces tardes, desejos ávidos, ardentes, cumplicidade no ar, no olhar, no amar...
Ao cair da tarde essa fusão de dor e saudade, tristeza, solidão, mel e fel. Ao cair da tarde é assim, paraíso e trevas , sorrisos e lágrimas, lembranças mortas, sem esperanças, vazias. É como um grito sufocado, um viver resignado, uma reza monótona. É um entardecer patético, sem flores, desértico, uma Hiroxima, Nagasaki.
E nessa tarde triste, nostálgica, como todo o entardecer, na bruma leve dos amores e paixões, nas palavras sofismáveis que enganam o coração, a tarde cai, o dia vai, a noite vem, e consigo traz o brilho das estrelas, a lua dos namorados, e assim tudo passa, manhãs, tardes, noites, dias semanas, meses e anos, tudo passa, menos essa nostalgia , esse querer, essa saudade, desejo, ternura, vontade, candura, e esse ciúme, que eu não queria ter...