Trilhas paralelas
Na eternidade do silencio
O calor romanciava à tarde,
As frases vinham protegidas da poeira.
Somente o suor alagava o solo,
Deixando uma poça de estrelas.
O coração amaciado pelas cicatrizes
Enfeitava a imaginação da poesia.
Quase sempre a ternura andava de mãos dadas
Com a solidão. Os olhos choravam e virava um rio
Que preguiçosamente recebia o sol rebocando à tarde.
Era um eco do silencio afixando a seca do coração.
Depois o cansaço consolava algum punhado de beijos,
Cheios de murmúrios sobre um resto de amor quase infantil.
Tinha o tempo esmagando sentimentos que caminhavam dentro do peito
Cerzindo um poema de melancolia. O ar continuava tão opressivo que doía
Alagando de saudade as duas trilhas paralelas que nunca se encontraram