Sangria
Entre cortar os pulsos
e deixar meu sangue impresso...
Preferi seguir o impulso
de sangrar amor nos versos.
Inútil minha sangria
se não convence a quem parte...
Porém, sangrando poesia
ao menos, morro de arte.
Quem diz que o amor não mata
não sabe o que dói na dor...
Só que ama e se arrebata
sabe o que é morrer de amor.
Aos olhos desiludidos
tanto faz, verso ou punhal...
Entre o poema e o suicídio
tudo o que morre é igual.
Morrer é matar alguém
que já foi nosso e se foi...
Mas viver por quem não vem
É, também, morrer por dois.
Por isto, se não me mato,
não é pura covardia...
Morre mais, morre de fato
quem se mata de poesia.