Amava tanto essa mulher

Amava tanto,

mas tanto essa mulher.

Amava tanto.

Tanto essa mulher.

Essa mulher sem alma.

Nua de amor.

Vestida de dor.

Amava tanto essa mulher.

Essa mulher louca.

Que da loucura se fez vida.

Amava-a tanto...

Amava-a como bicho faminto.

Desesperado de fome.

Mais vazio do que fome.

Amava tanto essa mulher.

As vezes a vida é um barranco

Ou um fenda num pasto

“Não se distraia, Alex

Continue com seu poema”

Amava tanto essa mulher

Os pretéritos perfeitos ajuda a nos enganar

Benditos verbos que são escadas de enganos

Melhor, suporte do auto-engano

Escrevo esse poema querendo desamar

Fugir

Partir

E nunca mais voltar

Só que não consigo partir.

E pelo fato de não tê-la agora,

Esse engano verbal substitui a vida..

O amor vive mesmo em calabouços

Prencipalmente os amores perdidos,

Que mesmo não existindo mais

Fica seu reverso

Uma raiva danada de não tê-la mais por perto...