A primavera
A primavera
Em lembrança ao meu pai João de Barros Ferreira (in memorian)
Quando o meu pai morreu uma noite triste caiu efervescente
Diante da notícia agi incredulamente
Murchei antecipadamente
A primavera chegava rapidamente
Paradoxalmente minha tristeza avançava incontrolavelmente.
Quando meu pai morreu a primavera deixou de ser um tempo contente
Fiquei desgostoso com Deus, pois levou o homem que amei incondicionalmente
Crucificado em sonho fui de forma contundente
Na primavera os amigos sumiram de repente
E os catadores de vida, e agiotas de plantão, apareceram infelizmente
Quando o meu pai morreu a flor de minha mãe caiu perdidamente
Minha irmã, ao olhar para o céu, mostrava-se desconsoladamente,
À noite, em um longo e perigoso final de jornada, pensei em morrer lentamente
Caminhava como um paciente, impacientemente
Aos que ficaram entreguei-me, pois em meu sobrinho, meu pai vivia alegremente
Quando o meu pai morreu senti que o mundo desabou descaradamente
Passou com rodas de ferro e fogo em uma alma ainda adolescente
Solapou o espírito de quem conhecia o amor ligeiramente
Desmanchou a alma de minha mãe benevolente
Ficamos em poucos e fortes corações que se uniram intensamente.
Quando o meu pai morreu a primavera ainda estava presente
E em todos os anos morro como o orvalho que cai da folha levemente
Nas flores não mais encontrei Deus onipotente
Uma cruz ainda pesa no peito, apesar dos anos que passam inconscientemente
Minha amada mãe também se foi e nos deixou antecipadamente
A primavera e a morte do meu pai me visitam constantemente
Os outros abrem as narinas ardentemente e o coração apaixonadamente
Eu me fecho em uma alma descontente
Lágrimas pálidas caem copiosamente
E rogo a Deus a presença do meu pai ausente
Quando o meu pai morreu com ele se foi a primavera potente
A vejo hoje tal como o verão que não brilha, outrora, brilhantemente
Prefiro a lua, caindo da noite, com meu pai e minha mãe me abraçando calidamente
Neste tempo fico a observar - como cobra cega - o mundo ansiosamente
E suspiro e penso nos anos duros que ainda estão por vir delicadamente.