Por Amor
Por amor matamos as flores
e as incertezas, caminhamos sem tédio
no tédio grande dos dias da cidade pequena,
Convivemos nas lágrimas todas as mortes:
A da razão, do esquecimento, da vida...
Por amor matamos as dúvidas e as dúbias pétalas
que voam e se esparramam tinta no lençol branco,
E enfeitam a carne e o pelo frágil, como se protegesse
Daquilo que a fome violênta lhes dá...
Por amor matamos a nós mesmos a cada instante
E ousados proferimos palavras de violência e sangue,
Cortando assim, a brisa mais fina que o vento morno
E um dia saudoso nos entrega... Respiração;
Por amor fingimos que não ligamos para a malevidência
das horas febris que passam como relâmpago,
e esquecemos da nossa misera insignificância...
Por amor eu esqueço ('inda que por um segundo) que sou triste;
(E) Por amor, matamo-nos ao entardecer.