Magia
Os homens que jogam faca
em moças de olhar ferido;
a lira que encanta a tasca
unindo os desiludidos;
a crença que dorme em pregos
e a fome que come vidro;
a gaita que guia os cegos
com acordes coloridos...
A prostituta da praça
que mais parece uma flor;
a ninfa que na vidraça
tem crises de desamor;
o palhaço que faz graça
e quase morre de dor;
a mutação da cachaça
nos versos do cantador...
O hino no assobio
do menino sem sapatos;
a paixão que se extinguiu
mas perdura no retrato;
a noite que dita o cio
na boemia dos gatos
e o que provoca arrepio
mas permanece abstrato...
Loucura que vem da alma
ou força que vem da cruz;
magia que vem do amor,
milagre que acende a luz.